Uma das principais referências do handebol brasileiro, o armador da seleção Bruno Souza passou recentemente por uma situação pela qual já estava desacostumado: Ver a equipe pela TV do outro lado do continente.Principal jogador na campanha que deu o título no Pan do Rio, Bruno carrega consigo a pressão dos fãs de retornar logo às quadras para vestir novamente a amarelinha e ajudar na busca pela vaga olímpica.
- Se a ansiedade dos fãs é grande, imaginem a minha (risos) - comentou o atleta que disse estar muito concentrado nos treinos para retornar logo ao Handebol. Para muitos fãs, caso Souza estivesse em quadra, à seleção teria ganhado a medalha de ouro em Guadalajara.
Apesar de querer muito buscar o tricampeonato em Guadalajara, Bruno precisou de uma intervenção cirúrgica em Junho depois de sofrer uma grave lesão no joelho direito. De molho, o jogador deverá ficar seis meses afastados das quadras. Atualmente, o armador do Nantes, da França, continua seu tratamento no Rio de janeiro, sua cidade natal.
- Estou em um período de fisio em que trabalhamos ganho de força muscular e retorno às corridas continuas. O processo está dentro do esperado, sem pressa e com muita calma. Tenho previsão de estar na quadra para algumas atividades a partir de dezembro - comentou Souza.
Quando questionado sobre seu retorno à seleção brasileira, o jogador preferiu adotar cautela e preferiu não falar sobre o sua volta para disputar o pré-olímpico, pois segundo ele, apesar da enorme vontade em vestir novamente a camisa do Brasil, vai depender de o treinador chama-lo ou não.
- Eu sempre vou ter motivação, mas quem convoca não somos nós e acredito que às pessoas responsáveis devem estar cheio de pontos de interrogação na cabeça. Portanto, esperarei tranquilo uma nova oportunidade - disse.
Bruno Souza que participou dos últimos Jogos Panamericanos, tem no currículo o bicampeonato da competição, em 2003 e 2007, realizados em Santo Domingo e Rio de Janeiro, respectivamente. Hoje, com 34 anos, o armador é um dos jogadores mais experientes da seleção e depois de tantos títulos individuais e em equipe, estranhou - e muito - ver o Pan pela TV.
- Sofro hoje como torcedor e me empenho muito nas sessões de fisio para que eu possa estar logo na quadra. Agradeço o carinho de todos, que nunca deixaram de mandar mensagens e externar seu amor pelo esporte e admiração ao meu trabalho. Em breve estarei de volta dentro ou fora das quadras - comentou Bruno Souza.
Apesar de paciente com o período de fisioterapia e conformado em estar fora de combate por seis meses, o atleta que virou torcedor nos Jogos Mexicanos se transformou em um dos 190 milhões de treinadores brasileiros ao opinar sobre o desempenho da equipe que conquistou a prata em Guadalajara, após perder por 26 a 23 da Argentina.
- Faltou paciência nas horas difíceis. Faltou um pouco de um espírito matador na hora em que estávamos bem na partida - enfatiza o jogador, que faz questão de pontuar o fato do Handebol no país ainda ser muito mais emocional do que racional, o que segundo ele, atrapalha a profissionalização do esporte por aqui.
- Em todas as esferas o handebol é tratado com amor e paixão, e isso não tem a ver com profissionalismo. Você pode até ter os dois, mas primeiro seriedade e investimento para poder cobrar tanto dos dirigentes aos atletas quanto por parte dos atletas aos dirigentes. Se não fizermos parcerias sérias e projetos viáveis, demorará bons ciclos olímpicos, talvez um ou dois para o handebol ganhar o respeito que merece para conquistar novos adeptos, e consequentemente, mídia e patrocinadores - disse.
Dentro do contexto assimilado por Bruno Souza, ele acha pouco provável que a seleção masculina de handebol se classifique as olimpíadas de Londres, porque o Pan, era sem dúvida, o caminho mais fácil a ser percorrido.
- Através do pré-olímpico a coisa fica muito difícil, pois o nível europeu ainda é muito superior. Perdemos a grande chance em um torneio de um jogo. Agora nos resta esperar para saber qual a próxima pedreira pela frente - finalizou.
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